O jovem Carlo Giuliani, assassinado pela polícia durante as manifestações de Gênova (Itália), em julho de 2001, deu face, tragicamente, à multidão anõnima que se mobilizara contra a reunião dos oitro países mais ricos do mundo, o G-8. Foi a individualização involuntária do “movimento dos movimentos”, mútiplo e globalizado, que formou sua identidade nas manifestações de Praga, de Seattle, de Gotemburgo, de Québec City e na marcha zapatista que atravessou o México em fevereiro de 2001.
Também globalizado foi o horror do 11 de setembro em Nova York. Emissoras de televisão do mundo inteiro transmitiram em tempo real a destruição das torres gêmeas do World Trade Center, sem cortes nem recursos de edição: testemunhava-se o que acontecia, em toda sua terrível intensidade. O atentado causou a morte de mais de três mil pessoas, anônimas como a multidão do “movimento dos movimentos”.
Um dos objetivos de As multidões e o império: entre globalização da guerra e universalização dos direitos, primeiro volume da coleção “Política das multidões”, é estabelecer uma relação possível entre as manifestações de Gênova e o “Apocalipse Nova York”. Uma das teses apresentadas é a possibilidade de a cruzada antiterrorismo gerar um “curto-circuito de violência e repressão”, neutralizando a política dos movimentos.
Em comum, ambos os cenários possibilitam uma reflexãosobre um novo contexto de “governança global”, não mais fundamentado na estrutura esfacelada das fragmentações. Contra o pensamento binário e maniqueísta da política transnacional dos integralismos imperiais, o “movimento dos movimentos” surge como alternativa legítima de uma globalização constituinte.
Autores como Antonio Negri, Christian Marazzi e Franco Berardi (Bifo), entre outros, oferecem, nos 17 textos deste livro, análises para melhor se compreenderem os dois acontecimentos. Escritos em momentos diferentes – antes e depois da reunião do G-8 em Gênova e alguns deles ainda sob impacto recente do atentado em Nova York –, os textos formam um conjunto coeso na exegese das causas, das consequencias e dos desdobramentos interrelacionados do que se viu em julho na Itália e no dia 11 de setembro nos Estados Unidos.
As multidões e o império
Giuseppe Cocco (organização)
Graciela Hopstein (organização)
ISBN: 85 74901 28 8
Código de barras: 9 788574 901282
Formato: 14×21cm
Número de páginas: 152
Peso: 230g
Ano: 2002
Coleção: Política das multidões
Giuseppe Cocco
Introdução: A política das multidõesI. Um mundo novo ainda será possível?
Entrevista com Antonio Negri por Giuseppe Cocco e Maurizio Lazzarato
“Somos todos nova-iorquinos” – antes de Gênova, depois de Nova YorkChristian Marazzi
A crise da new economy e o trabalho das multidõesII. Marchando para Gênova
Yann Moulier Boutang
Após o mercado do liberalismo, a marcha para a liberdade, porque o liberalismo é interessanteDocumento dos Tute Bianche após retornarem do México
A marcha planetária das montanhas mexicanas a GênovaEntrevista com Beppe Caccia por Michele Serra
Os filhos rebeldes do mundo global: “Contra a globalização? Não nós, mas a esquerda reacionária”Entrevista com Luca Casarini por Enrico Pedemonte
Minha luta no Império: impedir o G-8 de Gênova sem quebrar a vidraça sequer. Com armas medievais, provocações e fantasia. Para dizer não à globalização.III. Gênova, o movimento dos movimentos
Marco Bascetta
Nada mais será como antesVittorio Agnoletto
O milagre do Genoa Social ForumAntonio Negri
Assim começou o fim do ImpérioFranco Berardi (Bifo)
Auto-organização da inteligência coletiva global: uma estratégia para o movimento pós-Seattle–GenovaIV. Apocalipse Nova York
Lanfranco Caminiti
Dies iraeYann Moulier Boutang
Apocalipse: Nova York após GênovaSaskia Sassen
As zonas críticas da governança globalNaomi Klein
O jogo acabouV. Em defesa dos direitos
Marco Bascetta
Fundamentalismos no espelhoRichard Stallman
Milhares de mortos, milhões de pessoas privadas de suas liberdades civis?Giorgio Agamben
Sobre a segurança e o terror