Nas análises de Austerlitz e Os emigrantes, o leitor encontrará vários exemplos dessas mediações da memória, que Sebald elabora sempre de modo indireto, por ensaios e aproximações, digressões e um também elaborado sistema interno de remissões e referências. Há motivo para essa posição: Sebald não tem nunca a intenção de chocar, de apresentar a violência e o horror de modo cru e direto, provocando impacto emocional, sempre acompanhado de algum nível de bloqueio cognitivo. Não é preciso exagerar o que já é horrível, com bem sabia Sebald, leitor de Benjamin. Sem forçar a mão, é possível dizer que as elaboradas mediações da memória são um procedimento central na prosa de ficção desse escritor alemão em tudo e por tudo avesso à estetização banal da violência, às exibições juvenis de vanguardismo tardio, às falsificações mais ou menos grosseiras no tratamento de problemas difíceis, aos efeitos também falsos do melodrama com seu cortejo gasto de truques.
A pequena escala: Sebald e as mediações da memória
André Bueno
ISBN: 978 85 8316 051 9
Código de barras: 9 788583 160519
Formato: 16×23cm
Número de páginas: 328
Peso: 470g
Ano: 2017
Um leitor brasileiro de W. G. Sebald
Mediações da memória
O ritmo da leitura
Austerlitz e os passos perdidos
Quatro exílios: Os emigrantes
O tempo congelado
A 2.000 quilômetros de lugar nenhum
As linhas de fuga do tempo
A matéria e o nada: a ilusão das belas aparências
A pequena pátria e o inferno
Referências