O início do século XXI marcou a chegada de uma nova safra de capitalistas na agricultura mundial. Trata-se da significativa presença do capital financeiro internacional, representado por diversos tipos de fundos (pensão, soberanos, hedge, endowments, private equity), corporações (bancos, seguradoras e empresas) e indivíduos de alta renda, sobretudo, nos países de maior dinamismo agrícola e com a disponibilidade de espaços para a expansão da agricultura moderna como o Brasil e a Argentina. Esse fenômeno se insere em uma dinâmica mundial de investimento em terra e na produção agrícola, decorrente, sobretudo, da significativa elevação dos preços dos alimentos ao longo da década de 2000 e da crise financeira de 2007–2008, no que se convencionou denominar global land grabbing.
Todavia, os investimentos na produção agrícola e em terras não se restringem aos tradicionais movimentos Norte–Sul. São cada vez mais comuns investimentos cruzados entre países periféricos, como no caso sul-americano. Dessa forma, este livro se propõe a analisar a atuação de um seleto grupo de megaempresas argentinas. Na sua maioria, são empresas agropecuárias de origem familiar que alcançaram grandes escalas produtivas e que, a partir de sua articulação com o capital financeiro internacional na década de 2000, expandiram seus investimentos para países vizinhos, especialmente para o Brasil, o Uruguai, o Paraguai e a Bolívia. Apesar de possuírem muitas características e processos comuns, cada uma delas adotou sua própria estratégia de acumulação, com diferenciadas formas de atuação territorial, inserção nas cadeias de valor e relação com o capital financeiro internacional.
Dessa forma, este livro reúne contribuições de geógrafos, sociólogos e antropólogos vinculados ao projeto de cooperação Brasil–Argentina intitulado “Globalização do agronegócio e território: as estratégias das empresas translatinas no Brasil e Argentina” e financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), no Brasil, em parceria com o Ministerio de Ciencia, Tecnología e Innovación Productiva (Mincyt), na Argentina. Sendo assim, o livro agrega diferentes perspectivas teóricas, metodológicas e reflexões conduzidas pelo desafio do diálogo interdisciplinar.
Globalização do agronegócio e langrabbing
Júlia Adão Bernardes (organização)
Samuel Frederico (organização)
Carla Gras (organização)
Valeria Hernández (organização)
Gabriela Maldonado (organização)
ISBN: 978 85 83160 47 2
Código de barras: 9 788583 160472
Formato: 17,2×24cm
Número de páginas: 184
Peso: 380g
Ano: 2017
Os organizadores
ApresentaçãoParte I
Finanças, land grabbing e territórioSamuel Frederico e Carla Gras
1. Globalização financeira e land grabbing: constituição e translatinização das megaempresas argentinasValeria Hernández
2. O papel das inovações tecnológicas no sistema agroindustrial: dinâmicas produtivas e sociais no agronegócio argentinoJúlia Adão Bernardes e Gabriela Maldonado
3. Estratégias do capital na fronteira agrícola moderna brasileira e argentinaGabriela Maldonado, Marina Castro de Almeida e Ana Laura Picciani
4. Divisão territorial do trabalho e agronegócio: o papel das metrópoles nacionais e a constituição das cidades do agronegócioParte II
As megaempresas argentinasSamuel Frederico e Andrea Sosa Varrotti
5. Globalização do agronegócio e as empresas de private equity: articulações e estratégias do Grupo El TejarCarla Gras e Rodrigo Cavalcanti do Nascimento
6. Monopólio de terras e capital financeiro: a atuação da empresa Cresud na América LatinaAndrea Sosa Varrotti
7. Estratégias empresariais do agronegócio argentino no Mercosul e a financeirização do setor agrícola: o caso do Grupo Los GroboMarina Castro de Almeida e Larissa Chiulli Guida
8. Renda da terra e setor sucroenergético brasileiro: as estratégias territoriais da Adecoagro