Mais de dez anos após sua primeira edição brasileira, este é um livro que permanece extremamente atual. De discurso abrangente, profundo e plural, abarca não só direito, mas também filosofia, história e ciências sociais. Negri elucida o conceito de poder constituinte, caracterizando-o como a atividade produtora das normas constitucionais dos ordenamentos jurídicos e situando-lhe a genealogia nas ondas revolucionárias da modernidade. Da Renascença à Revolução Inglesa, da Independência Americana à Revolução Francesa, da experiência soviética aos horizontes das lutas contemporâneas, ele analisa, com erudição e potência crítica, o pensamento de autores como Maquiavel, Harrington, Burke, Jefferson, os “federalistas”, Rousseau, Sieyès, Tocqueville, Marx, Lenin e, recorrentemente, Espinosa. O propósito é reivindicar uma “tradição anômala” no eixo Maquiavel–Espinosa–Marx, com o recurso à contribuição de Deleuze e Foucault.
Segundo Negri, “é sempre o povo que deve levantar a espada, pois é no povo que reside o poder” (2015, p.128). No Brasil, episódios, ainda recentes, que se alastraram a partir das jornadas de junho de 2013, mostram também o poder que o povo é capaz de possuir. Os levantes da multidão demonstram o que pode o poder constituinte quando o verbo se faz carne, quando os(as) meninos(as) “desembestam”, quando os risos denunciam os podres poderes constituídos que nada podem sem a desrazão das armas, quando a vida explode produtiva e criativamente em velozes composições e recomposições de potência horizontalmente articuladas. E é desse sopro, dessa carne, desse pensamento ao longo da modernidade que nasce a grandeza desta formidável obra, que agora retorna à circulação, reeditada.
O poder constituinte: ensaio sobre as alternativas da modernidade
Antonio Negri
2ª edição
ISBN: 978 85 83160 09 0
Código de barras: 9 788583 160090
Formato: 12,6×21cm
Número de páginas: 400
Peso: 430g
Ano: 2015
Giuseppe Cocco e Adriano Pilatti
Desejo e liberação: a potência constituinte da multidãoGiuseppe Cocco e Adriano Pilatti
A persistência da democracia absoluta1. Poder constituinte: o conceito de uma crise
1.1. Sobre o conceito jurídico de poder constituinte
1.2. Procedimento absoluto, constituição, revolução
1.3. Da estrutura ao sujeito2. Virtù e fortuna: o paradigma maquiaveliano
2.1. A lógica do tempo e a indecisão do Príncipe
2.2. A democracia como governo absoluto e a reforma da Renascença
2.3. Ontologia crítica do princípio constituinte3. O modelo atlântico e a teoria do contrapoder
3.1. Mutatio e anakyklosis
3.2. Harrington: o poder constituinte como contrapoder
3.3. O motor constituinte e o obstáculo constitucionalista4. A emancipação política na Constituição americana
4.1. Poder constituinte e “fronteira” da liberdade
4.2. Homo politicus e máquina republicana
4.3. Crise do acontecimento e inversão da tendência5. Revolução e constituição do trabalho
5.1. O enigma de Rousseau e o tempo dos sans-culottes
5.2. A constituição do trabalho
5.3. Terminar a Revolução6. O desejo comunista e a dialética restaurada
6.1. O poder constituinte no materialismo revolucionário
6.2. Lenin e os Sovietes: o compromisso institucional
6.3. O socialismo e a empresa7. A constituição da potência
7.1. “Multitudo et potentia”: o problema
7.2. A desutopia constitutiva
7.3. Além do modernoReferências
Índice onomástico