“Realizado com base em rigorosa pesquisa empírica e bibliográfica, este livro constitui uma contribuição fundamental para a compreensão da dinâmica do empresariado na educação, mas, sobretudo, para a reflexão sobre o devir históricosocial e educacional de nosso País.
 
É sabido que uma nova configuração dos espaços público e privado da educação no Brasil vem se construindo desde as últimas décadas do século XX. Este não é um processo único do Brasil, muito pelo contrário, ocorre em praticamente todo o mundo ocidental. No entanto, possui características próprias em cada país, refletindo as especificidades das relações sociais locais. Trata-se de fenômeno presente, com destaque, no debate educacional e que tem recebido atenção de vários pesquisadores.
 
Faltava, no entanto, um trabalho que desvendasse a dinâmica de intervenção do setor privado no espaço público. É o que realiza Erika Moreira Martins neste livro sobre o movimento Todos Pela Educação, cujos principais méritos podem ser assim descritos: desnuda a atuação dos empresários brasileiros, os mais organizados da América Latina, na condição de “empreendedores de políticas educacionais”; identifica quem é o grupo que lidera esse movimento, a quem representa na sociedade brasileira e como os personagens e instituições vão constituindo uma rede de influências que se retroalimenta de forma constante e dinâmica; e detalha a inter-relação entre os diferentes entes governamentais e aquele que é o mais poderoso movimento empresarial constituído para atuar no campo das políticas educacionais.
 
A participação do empresariado na educação pública do País não é nova. Mais recentemente, no âmbito de uma crítica feroz ao papel do Estado na educação, a escola pública tem se transformado num importante nicho de mercado e num espaço de influência ideológica de diferentes setores conservadores da sociedade. Paralelamente, a educação pública passou a sofrer também um processo silencioso – e às vezes nem tão silencioso – de intervenção do setor privado nas decisões político-educacionais dos diferentes entes governamentais. Travestida de corresponsabilidade social, essa intervenção conta com mecanismos de cooptação da mídia e é amplamente amparada por ela, como mostra este livro.”
 
(Nora Krawczyk, professora da Faculdade de Educação da Unicamp)